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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Think again: The power of knowing what you don’t know
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-19-848-7811-3
Editora: Viking
Os conceitos de capacidade e destreza mental não devem ser confundidos. Isso significa que se você não tiver a motivação necessária para mudar de ideia, perderá muitas oportunidades de repensar.
Ademais, as pesquisas realizadas pelo autor revelam que, quanto mais alto pontuar em um teste de QI, maior será a probabilidade de aceitar estereótipos, visto que ele indica, dentre outros fatores, a velocidade em reconhecer padrões.
Experimentos recentes sugerem, ainda, que quanto mais inteligente você for, maior será a dificuldade em atualizar as suas crenças. Grant cita um estudo que investigou a habilidade de indivíduos considerados “gênios da matemática” em analisar dados.
A conclusão: se o indivíduo em questão souber que as informações dizem respeito a algo irrelevante, como um tratamento para espinhas, ele sempre terá bons resultados.
Porém, se os mesmos dados tratarem de questões ideológicas que motivam emoções fortes, como a legislação sobre armas nos Estados Unidos, o desempenho será positivo apenas se a análise confirmar suas crenças.
Se, por acaso, o padrão empírico colidir com a sua ideologia, as altas habilidades matemáticas deixarão de ser uma vantagem. Na prática, elas se tornarão um risco.
Em outras palavras, ao ser competente na análise numérica, você elevará as oportunidades de erro na identificação de padrões que contradigam o seu ponto de vista.
No exemplo dado pelo autor, se fossem liberais, os “gênios da matemática” se sairiam pior do que seus pares na avaliação das evidências que apontam que a restrição do comércio de armas foi uma política fracassada.
O mesmo valeria para gênios conservadores. Estes teriam um desempenho ruim no levantamento de evidências que apontem o sucesso da mesma política antiarmamentista.
Segundo o autor, muitas pessoas imaginam a confiança como uma espécie de “gangorra”: se ela “pesar” demais, a arrogância se elevará. Por outro lado, se ela não tiver peso algum, você se tornará fraco.
Com efeito, esse é o mesmo problema inerente ao excesso de humildade: ele gera uma opinião negativa acerca de nós mesmos. Portanto, tentamos manter a gangorra equilibrada, procurando a quantidade certa de confiança.
Não obstante, esse tipo de abordagem é inadequado. A humildade tende a ser mal compreendida. Não se trata de ter baixa autoconfiança. Uma das raízes latinas do termo “humildade” significa “vindo da terra”.
Nesse contexto, estar aterrado pode ser entendido como “reconhecer que somos imperfeitos e, como tais, propensos ao erro”. A confiança, por sua vez, é a medida que indica o quanto você acredita em si mesmo.
As evidências coletadas por Grant mostram que isso difere do quanto você crê em seus métodos. Ou seja, você pode confiar em sua capacidade de atingir uma determinada meta e, em simultâneo, continua sendo humilde o bastante para questionar se possui as ferramentas apropriadas para chegar lá.
Esse é o ponto ideal da confiança. Somos cegados pela arrogância quando nossos pontos fortes e estratégias nos deixam convencidos. Ficamos paralisados pela dúvida sempre que não temos confiança nesses elementos.
Podemos ser consumidos por um complexo de inferioridade quando conhecemos o método certo, mas nos sentimos inseguros a respeito de nossa capacidade de executá-lo.
A proposta do autor consiste na busca pela “humildade confiante”. Esse conceito pode ser compreendido como a manutenção da fé em nossas capacidades articulada ao reconhecimento de não termos a melhor solução.
Tal combinação nos fornece dúvidas o bastante para reexaminarmos nossos conhecimentos adquiridos e, simultaneamente, a confiança necessária para procurar por novas ideias.
De acordo com o sociólogo Murray Davis, as ideias não sobrevivem, ao longo do tempo porque são verdadeiras, mas por serem interessantes.
O que confere essa qualidade é a capacidade da ideia em discussão desafiar as noções preconcebidas e as perspectivas do senso comum. Por exemplo, você sabia que a lua pode ter se formado a partir de uma chuva de magma? Que a queda de um meteoro pode não explicar a extinção dos dinossauros?
Quando uma ideia não importa, em um nível pessoal, muitas vezes ficamos ansiosos para saber mais. A sequência natural de emoções é surpresa, curiosidade e espanto.
Isaac Asimov, o grande autor de ficção científica, dizia que as grandes descobertas da humanidade não começaram com o famoso “Eureka!”, mas com algo do tipo: “puxa! Como isso é engraçado”.
Quando uma crença profundamente arraigada é questionada, porém, tendemos a fechar nossas mentes, recusando-nos a aceitar qualquer contradição.
Para Grant, é como se houvesse um ditador em miniatura vivendo dentro de nossas cabeças, controlando o fluxo de fatos, assim como Kim Jong-un controla a imprensa na Coreia do Norte.
Em psicologia, esse fenômeno é chamado de “ego totalitário”. Sua função é impedir a entrada de informações ameaçadoras. Esse ditador interno entra em ação sempre que alguém ataca nosso caráter ou inteligência.
Esses tipos de afrontas pessoais ameaçam destruir certos aspectos de nossa identidade que são importantes para nós e podem ser difíceis de mudar. O ego totalitário intervém como um guarda-costas de nossas mentes, protegendo nossa autoimagem e alimentando-nos com mentiras reconfortantes.
Agora que chegamos na metade da leitura vamos nos aprofundar nos conceitos essenciais para incorporar a prática de repensar, continuamente, nossas próprias certezas e preferências.
Como consumidores de informação, temos um papel a cumprir ao adotarmos um ponto de vista. Quando estamos lendo, ouvindo ou assistindo, podemos aprender a reconhecer a complexidade como um sinal de credibilidade.
Com isso, Grant quer dizer que temos a tendência a favorecer conteúdos densos, que apresentam os vários lados de uma questão, rejeitando os dualismos e as simplificações apressadas.
Quando nos deparamos com manchetes superficiais, podemos lutar contra o ímpeto natural de aceitar conteúdos binários (isto é, que apresentam apenas duas opções: “isto ou aquilo”), refletindo acerca das possibilidades adicionais que estão faltando entre os extremos.
O mais curioso na argumentação do autor é que isso se aplica, também, quando somos nós mesmos que produzimos conteúdos e comunicamos informações.
Uma nova pesquisa sugere que, quando os jornalistas reconhecem as incertezas em torno de fatos referentes a questões complexas (como mudanças climáticas e imigração), isso não prejudica a confiança de seus leitores.
Vários experimentos mostraram que, ao expressarem dúvidas, os especialistas se tornam mais persuasivos. Assim, quando alguém com notório saber admite a incerteza, isso surpreende as pessoas que, consequentemente, acabam prestando mais atenção ao tema abordado.
Obviamente, o excesso de informações contraditórias não é nada popular, sobretudo, porque os períodos de atenção do cérebro humano são relativamente curtos.
Todos os que trabalham com esse viés, desde profissionais do marketing a jornalistas e escritores, sabem que há poucos segundos disponíveis para capturar o olhar do público com um título atraente.
Embora a complexidade nem sempre gere boas frases de efeito, sempre renderá ótimos diálogos. Mesmo assim, existem jornalistas e escritores talentosos que conseguem encontrar formas inteligentes de expressá-la em poucas palavras, de modo a manter o interesse das pessoas.
Mesmo que você não atue profissionalmente como pedagogo ou professor, certamente exerce funções nas quais dedica o seu tempo para ensinar outras pessoas – seja como pai, mentor, amigo ou colega.
Na verdade, todas as vezes que tentamos ajudar alguém a repensar, colocamos em prática uma espécie de educação. Quer ministremos nossas “aulas” em uma escola, escritório ou na mesa da cozinha – todos os nossos ensinamentos podem ser melhorados a partir da reflexão.
Com tanta ênfase na transmissão de conhecimentos e no estabelecimento da confiança, muitos professores, infelizmente, não conseguem encorajar seus alunos a questionarem a si mesmos e uns aos outros.
Para descobrir o que é necessário na mudança dessa mentalidade, o nosso autor analisou educadores extraordinários que têm em comum a promoção de “ciclos de repensar”, o foco na humildade intelectual, a disseminação de dúvidas e, sobretudo, o cultivo da curiosidade.
Em culturas organizacionais baseadas na performance dos profissionais, os indivíduos, frequentemente, baseiam-se nas melhores práticas. Porém, segundo Grant, isso representa um risco: quando elegemos uma determinada rotina como “a melhor”, ela pode ficar parada no tempo, isto é, sem evoluir ou se aperfeiçoar.
Enfim, pregamos sobre suas virtudes e paramos de questionar seus vícios. Ao deixarmos a curiosidade de lado, dificilmente encontraremos espaços para melhorias.
A aprendizagem organizacional, portanto, deve ser uma atividade contínua. Em contrapartida, a convicção de que “minha empresa adota as melhores práticas” implica que os conhecimentos possíveis atingiram seu ponto final.
Por exemplo, na NASA, embora as equipes sejam rotineiramente informadas após simulações, treinamentos e eventos operacionais significativos, o que atrapalha o aprendizado, de acordo com o autor, é uma cultura que responsabiliza as pessoas pelos resultados.
Cada vez que um lançamento programado atrasa, os membros da equipe enfrentam críticas públicas e ameaças de corte no financiamento das pesquisas.
Por outro lado, em todas as ocasiões nas quais um voo entrava em órbita, a organização encorajava seus engenheiros, estimulando-os a se concentrarem no sucesso, em detrimento dos processos defeituosos que poderiam prejudicar lançamentos futuros.
Desse modo, a NASA passou a recompensar a sorte e a repetir ações problemáticas, deixando de repensar qualquer elemento que fosse considerado um “risco aceitável”.
Caso o gerenciamento de sua equipe envolva colocar a vida das pessoas em risco, é natural que você confie em seguir os procedimentos que já estão consolidados.
Decerto, esta pode ser a melhor abordagem em situações críticas, mas é desaconselhável se impedir uma avaliação completa da performance. Focar nos resultados pode ser benéfico para mensurar o desempenho de curto prazo, mas pode ser um obstáculo para o aprendizado de longo prazo.
A ciência social indica que quando as pessoas são responsabilizadas apenas pelo fato de o resultado ter sido um sucesso ou um fracasso, é provável que continuem seguindo cursos de ação malfadados.
De modo geral, elogiar e recompensar, exclusivamente, pelos resultados, é uma iniciativa perigosa para qualquer líder, pois gera um excesso de confiança em estratégias ruins e incentiva os profissionais a continuarem fazendo o que sempre fizeram.
Cumpre ressaltar, por fim, que nossas identidades são sistemas abertos, assim como nossas vidas. Não precisamos ficar presos a imagens antigas ou formulações como “quero chegar a este objetivo”, “desejo ser uma pessoa melhor”.
O modo mais simples de começar a repensar nossas alternativas consiste em questionar o que fazemos diariamente. É preciso humildade para reconsiderar nossos compromissos passados, ousadia para questionar nossas decisões atuais e curiosidade para reimaginar nossos planos.
O que descobrirmos ao longo do caminho poderá nos libertar das amarras de nosso ambiente familiar e do antigo “eu”. Reimaginar nos permite atualizar conhecimentos e opiniões, consolidando-se como uma ferramenta útil para ter uma vida mais gratificante.
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Adam Grant é o professor mais votado da Wharton por seis anos consecutivos. Ele é um dos principais especialistas em como podemos encontrar motivação e significado, e viver vidas mais generosas e criativas. O autor foi reconhecido como um dos 25 mais influentes pensadores de gestão do mundo com menos de 40 anos. Grant é autor de três livros best-seller do New York Times, que venderam mais de um milhão de cópias e foram traduzidos para 35 idiomas. A palestra de Adam no TED sobre pensadores originais e compradores foi vista mais de 9 milhões de vezes em menos de 2 anos. Ele recebeu uma ovação de pé no TED... (Leia mais)
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